O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a forte valorização do dólar em relação ao real no final de 2024 foi impulsionada por empresas que anteciparam a remessa de dividendos ao exterior, com a expectativa de que um imposto sobre esses pagamentos seria implementado em 2025. De acordo com Campos Neto, muitos empresários, temendo a tributação futura, transferiram grandes quantias para fora do Brasil, uma movimentação que contribuiu para a alta da moeda americana no período.
No entanto, ele também destacou que a recente queda do dólar, registrada em 2025, foi parcialmente resultado do retorno desses valores, que haviam sido enviados em dezembro e depois “revertidos” por meio de contratos futuros no início deste ano. Esse movimento de “carry-trade”, onde empresas e bancos tomaram empréstimos em moeda local para realizar investimentos em moedas com juros mais altos, gerou um fluxo de capitais que ajudou a equilibrar a situação cambial no início de 2025.
Além disso, a implementação de um projeto de lei pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que visa tributar todos os dividendos enviados ao exterior, reforçou a percepção de incerteza no mercado, levando muitas empresas a anteciparem suas transferências. Campos Neto comentou sobre as dificuldades dessas operações, especialmente quando as empresas tentavam minimizar os riscos financeiros relacionados ao diferencial das taxas de juros entre o real e o dólar.