O transtorno de luto prolongado, uma condição que afeta cerca de 10% das pessoas enlutadas, é caracterizado por um sofrimento intenso e duradouro, podendo se estender por anos. Psicólogas especializadas no tema, como Erika Pallottino e Cecília Rezende, fundadoras do Instituto Entrelaços, destacam que esse quadro vai além do luto comum, causando prejuízos emocionais, sociais e profissionais. A condição, reconhecida pela CID-11 e pelo DSM-5-TR, envolve riscos como suicídio e disfuncionalidade, exigindo abordagens específicas para seu tratamento.
O livro “Transtorno de luto prolongado: estudos, reflexões e possibilidades de cuidados”, organizado pelas especialistas, reúne contribuições de pesquisadores renomados e discute casos clínicos, além de explorar possíveis tratamentos, como o uso da naltrexona. A obra também aborda o impacto da pandemia de Covid-19 no aumento dos casos, destacando o Brasil como um dos países mais afetados, com mais de 700 mil mortes. Apesar de direcionado a profissionais, o livro pode ser útil a um público mais amplo, oferecendo insights sobre como lidar com esse tipo de luto.
Entre os sintomas do transtorno estão a sensação de que uma parte de si morreu, dificuldades de reintegração social e emocional, além de uma apatia profunda em relação à vida. As autoras ressaltam que perdas por suicídio estão entre as mais devastadoras, exigindo cuidado especial. A avaliação por um profissional qualificado é essencial para o diagnóstico, que só pode ser considerado após 12 meses do falecimento (ou seis meses para crianças e adolescentes). O livro surge como um recurso valioso para compreender e enfrentar esse desafio complexo.