André Braz, coordenador dos Índices de Preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirmou que um maior compromisso fiscal seria mais eficaz para reduzir os preços dos alimentos do que as medidas recentemente anunciadas pelo governo. Segundo ele, o foco em políticas fiscais de longo prazo seria mais eficiente para garantir a estabilidade econômica e, consequentemente, controlar os preços. Embora reconheça a importância das medidas propostas, Braz alerta que elas exigem implementação cuidadosa e tempo para surtirem efeitos, o que pode levar mais tempo do que o período atual do governo.
Braz destacou que, ao reduzir impostos sobre produtos da cesta básica, como carnes, açúcar e café, pode haver uma distorção ao longo da cadeia produtiva, fazendo com que a redução de preços não chegue efetivamente ao consumidor. Além disso, a redução de impostos pode aumentar a insegurança em relação ao equilíbrio fiscal, o que poderia resultar em uma desvalorização da moeda e agravar a inflação no futuro. Para ele, um anúncio claro de compromisso fiscal teria mais impacto no controle da inflação do que as medidas de redução de preços, que não trariam resultados imediatos.
Em relação a outras ações do governo, como a isenção de impostos sobre alimentos como sardinha, azeite e óleo de girassol, Braz considera que essas não têm grande relevância para o controle da inflação, já que não fazem parte da cesta básica nem têm peso significativo no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Apesar disso, ele acredita que algumas medidas, como a concessão de crédito ao pequeno agricultor, são positivas, embora ressalte que os resultados dessas iniciativas também demandem mais tempo para se concretizar.