A Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, enfrenta um grave problema ambiental com a presença de lixo marinho, que tem se mostrado um vetor para a dispersão de espécies invasoras. Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) investigaram o impacto do lixo nas águas da baía e descobriram que ele facilita a colonização de organismos invasores, como o mexilhão-verde, que tem se adaptado a estruturas artificiais, como barcos e píeres. O estudo mostrou que resíduos plásticos, como garrafas PET, são usados como “meios de transporte” para essas espécies, que se deslocam rapidamente para novos ambientes, alterando o ecossistema local.
O mexilhão-verde, identificado em diversas partes da baía, é um exemplo claro dessa invasão. Embora, por enquanto, não represente um grande problema, sua presença levanta preocupações sobre o impacto a longo prazo. Espécies invasoras como essa podem competir com organismos nativos e alterar as cadeias alimentares, afetando, inclusive, os recursos pesqueiros da região. A pesquisa, que analisou materiais plásticos encontrados nas praias de Niterói, revelou que mais de 99% dos resíduos são compostos por plástico, material que, por sua superfície rugosa, facilita a fixação desses organismos.
O estudo também destaca a ineficiência na coleta de lixo nas áreas que rodeiam a baía, o que agrava a situação da poluição marinha. A quantidade de lixo, principalmente plástico, não diminuiu ao longo dos anos, e o problema persiste devido ao descarte inadequado e à falta de infraestrutura em alguns municípios. Diante desse cenário, os pesquisadores planejam ampliar suas pesquisas sobre o lixo flutuante para entender melhor o transporte de espécies invasoras e buscar soluções para mitigar os impactos ambientais causados pela poluição e pela bioinvasão. A implementação de políticas públicas mais eficazes e a melhoria no saneamento básico são essenciais para reverter esse quadro.