A recente lei federal que proíbe o uso de celulares por estudantes nas escolas é vista como um avanço, mas especialistas em educação e psicologia apontam que ela sozinha não resolve o problema do vício digital. O pedagogo Paulo Fochi argumenta que a restrição nas escolas é uma estratégia de redução de danos, mas que o verdadeiro foco deve ser uma regulação mais rigorosa das grandes empresas de tecnologia. Segundo ele, essas empresas lucram com a criação de plataformas viciantes e com a propagação de desinformação, o que agrava o impacto das redes sociais na saúde mental e no comportamento dos usuários.
Além disso, Fochi defende que a simples inclusão de educação digital nas escolas não é suficiente para combater o problema, pois o design viciante das redes sociais continua a impactar os alunos. O psicólogo Elton Matsushima reforça a necessidade de uma regulação estatal mais abrangente para lidar com as grandes techs, citando a regulamentação das apostas on-line como exemplo. Ele também sugere campanhas educativas para conscientizar sobre o uso excessivo de celulares, comparando-as com as campanhas contra o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.
A nova legislação, sancionada em janeiro, determina que celulares sejam guardados e desligados durante o período escolar, com exceções para alunos com necessidades especiais ou para atividades pedagógicas. O objetivo é melhorar o ambiente escolar, reduzir as distrações e promover o convívio social. Países europeus já adotam medidas semelhantes, e estados brasileiros, como São Paulo e Rio de Janeiro, também implementaram restrições locais, refletindo a preocupação global com o impacto do uso excessivo de tecnologias digitais na educação e no desenvolvimento dos jovens.