O boletim Focus e o noticiário político brasileiro não apresentaram grandes mudanças, o que permitiu que o cenário externo ganhasse destaque e influenciasse a curva de juros doméstica nesta quarta-feira de cinzas. A queda do dólar e as expectativas de redução de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses impulsionaram o movimento, com destaque para a queda nas taxas mais longas, que recuaram mais de 20 pontos-base. As apostas de que o Federal Reserve começará a afrouxar a política monetária em junho também contribuíram para esse cenário.
Em relação aos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), houve uma queda nas taxas de juros para os vencimentos de 2026, 2027 e 2029, seguindo a tendência de correção nas taxas observada nos últimos dias. O economista-chefe do Banco Bmg, Flavio Serrano, explicou que o movimento foi impulsionado por um dado abaixo do esperado no relatório ADP sobre o emprego no setor privado dos EUA, que mostrou a criação de 77 mil postos de trabalho em fevereiro, bem abaixo da previsão de 143 mil. Mesmo com dados mais positivos sobre o setor de serviços e encomendas à indústria, o mercado manteve a expectativa de que o corte de juros pelo Fed ocorra em junho de 2025.
Por outro lado, o cenário político brasileiro teve impacto no mercado, com uma reação negativa ao aumento da pressão sobre a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na Secretaria de Relações Institucionais. Isso gerou preocupações sobre a possibilidade de o governo adotar políticas mais populistas, o que ainda gera receios fiscais. A pesquisa Focus mostrou uma leve redução na projeção para a inflação, mas sem novidades significativas, o que não gerou impacto relevante nas expectativas do mercado para o final de 2025.