A isenção da tarifa de importação para o café, que entrou em vigor em 14 de março, não deve ter efeitos significativos sobre o controle da inflação no Brasil, o maior produtor e exportador mundial da commodity. De acordo com especialistas do setor, a medida não ajuda a reduzir a pressão inflacionária devido à escassez global de café. Mesmo com a isenção de uma tarifa de 9%, as questões fitossanitárias e a falta de oferta suficiente nos mercados internacionais limitam a possibilidade de importação a preços competitivos.
Além disso, a escassez de café no mercado global se agrava por causa de frustrações nas safras no Brasil e em outros países produtores, como o Vietnã, o que impacta diretamente os preços. O Brasil, com exportações recordes em 2024, enfrenta uma inflação elevada no preço do café, com aumentos de quase 70% para os consumidores em 2024 e uma alta de mais de 20% no primeiro bimestre de 2025. A situação é agravada pela falta de oferta no mercado global e pelas barreiras fitossanitárias que impedem a importação de café de outros países.
Em vez de zerar a tarifa, representantes do setor sugerem que o governo adote políticas de juros mais baixos para os grandes produtores e tome medidas para reduzir os custos com combustíveis, essenciais para a produção. A previsão para a safra de 2025 é que a produção fique entre 60 e 62 milhões de sacas, acima das estimativas do governo. No entanto, se as condições climáticas ajudarem, a safra brasileira pode alcançar até 80 milhões de sacas no futuro, o que poderia contribuir para a queda dos preços do café e reduzir a pressão sobre a indústria e os consumidores.