Em Pedreira, no interior de São Paulo, 35 indígenas foram resgatados de condições de trabalho análogas à escravidão. Eles foram contratados para trabalhar na apanha de frango em um frigorífico, mas viviam em alojamentos insalubres e sem as mínimas condições de higiene e segurança. De acordo com a investigação, os trabalhadores foram alojados em uma casa com três dormitórios, dois banheiros e um chuveiro, onde bebiam a mesma água das galinhas e se alimentavam exclusivamente de arroz. Além disso, não receberam Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e estavam em situação de extrema precariedade.
O Ministério Público do Trabalho (MPT), em parceria com a Polícia Federal e outras autoridades, resgatou os trabalhadores e identificou indícios de tráfico de pessoas. Segundo relatos, líderes indígenas podem ter recebido compensações financeiras para aliciar os trabalhadores. A empresa que contratou os indígenas, uma terceirizada de Mato Grosso do Sul, negou envolvimento em práticas ilegais e afirmou estar em processo de regularização das condições de trabalho. A empresa assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e se comprometeu a pagar as verbas trabalhistas devidas aos trabalhadores.
Além dos indígenas, outros trabalhadores migrantes estavam empregados pela mesma empresa, embora em condições menos severas. A denúncia sobre o caso chegou ao MPT por meio de um coletivo indígena. A empresa foi responsabilizada pela falta de registro em carteira de trabalho e outras irregularidades, mas o foco principal da investigação foi a exploração e as condições de trabalho degradantes enfrentadas pelos indígenas. A empresa se comprometeu a auxiliar no retorno dos trabalhadores ao Mato Grosso do Sul e a cumprir todas as exigências legais.