O governo sírio anunciou a criação de um comitê independente para apurar as mortes ocorridas em confrontos recentes entre apoiadores do novo regime e as forças leais ao ex-presidente. A decisão foi divulgada pelo presidente interino Ahmad al-Sharaa e visa investigar os eventos na região costeira do país, onde os confrontos têm sido mais intensos. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, mais de 1.000 pessoas já perderam a vida nesses confrontos, que envolvem um contexto de violência sectária e étnica.
A medida também responde a um pedido do alto comissário da ONU para os direitos humanos, que pediu um cessar-fogo imediato na área, onde foram registrados casos de execuções sumárias. O comitê, cuja composição ainda não foi divulgada, investigará principalmente as ações das forças de segurança do novo regime e de elementos associados ao governo anterior. Relatos indicam que a violência nas províncias costeiras de Latakia e Tartus tem forte caráter sectário, com uma alta taxa de mortes entre o grupo étnico-alauita.
Os confrontos começaram após um ataque de alauitas às forças de segurança em Jableh, em Latakia, o que resultou na maior onda de violência no país desde a queda do governo de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024. A situação gerou preocupações internacionais, com os Estados Unidos e a Rússia solicitando uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para discutir a escalada do conflito. O comitê de apuração é uma tentativa do governo de controlar a narrativa dos eventos, mas ainda há incertezas sobre as reais intenções por trás da iniciativa.