O governo brasileiro, por meio do Conselho Nacional de Política Energética, decidiu prorrogar o aumento da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel, que estava programado para subir para 15% a partir de 1º de março de 2025. A medida segue o cronograma estabelecido na Lei do Combustível do Futuro, mas o índice de mistura será mantido em 14% até uma nova deliberação. Essa decisão reflete os esforços do governo para controlar os preços dos combustíveis, dado o impacto do biodiesel nos custos do diesel e, por consequência, no frete de mercadorias no país.
Pedro Rodrigues, especialista da consultoria CBIE, destaca que a relação entre o preço dos alimentos e o biodiesel é frequentemente distorcida, especialmente quando se argumenta que a produção de biodiesel, que utiliza soja como matéria-prima, interfere no custo dos alimentos. Rodrigues explica que, embora o aumento do biodiesel possa afetar o preço do diesel, seu impacto real seria muito pequeno sem a atenção da mídia. Além disso, ele ressalta que o setor de soja superou há anos as dificuldades relacionadas à produção de biodiesel.
O especialista também aponta que o uso de mandatos de biodiesel como ferramenta de políticas públicas não é uma solução eficaz para a questão dos preços do diesel. Ele defende que outros fatores, como os impostos federais e estaduais, têm um impacto muito maior no custo final do combustível e são pouco discutidos nas abordagens sobre o tema. A análise de Rodrigues sugere que é necessário ampliar o debate e buscar soluções mais abrangentes para o setor energético brasileiro.