O filme “Ainda Estou Aqui”, inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, ganhou destaque ao retratar a história de Eunice Paiva e a luta pela justiça após a morte de seu marido, Rubens Paiva, ex-deputado desaparecido durante a ditadura militar. A obra não só impactou o cinema brasileiro, mas também contribuiu para reavivar investigações sobre crimes cometidos no período, especialmente o desaparecimento de Paiva, cujos responsáveis ainda não foram julgados. O longa, dirigido por Walter Salles, provocou discussões sobre a aplicabilidade da Lei da Anistia e a possibilidade de reabrir processos contra militares envolvidos em abusos da época.
O caso de Rubens Paiva e de outros opositores do regime voltou a ser debatido após protestos e a retomada de julgamentos no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar das evidências documentais e de depoimentos de ex-militares, a maior parte dos acusados ainda não foi responsabilizada judicialmente. A demora na apuração e o envelhecimento dos envolvidos geram um impasse sobre a aplicabilidade das penas, uma vez que o Brasil segue sem uma resolução definitiva sobre as violações cometidas durante a ditadura.
Especialistas apontam que o filme teve um papel crucial em reabrir o debate sobre a repressão militar e a importância de responsabilizar os agentes do Estado por crimes cometidos no passado. Além de impulsionar o processo judicial, a obra ajudou a promover uma reflexão mais ampla sobre a memória histórica do Brasil, destacando o impacto das ações militares, não só no país, mas também na América Latina. O caso de Rubens Paiva, ainda sem uma solução definitiva, simboliza a busca por justiça para as vítimas do regime militar e um maior reconhecimento das atrocidades cometidas durante esse período.