Um grupo formado por filhos, netos e familiares de vítimas da ditadura militar no Brasil (1964-1985) protocolou um pedido de anistia coletiva junto à Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. O coletivo, chamado Filhos(as) e Netos(as) por Memória, Verdade e Justiça, busca reparação simbólica, incluindo um pedido oficial de desculpas do Estado e o reconhecimento dos danos transgeracionais causados pelo regime. Entre as demandas, estão a retificação de currículos escolares para incluir o ensino sobre a ditadura e a criação de clínicas de atendimento psicológico especializado para as famílias afetadas.
O pedido reforça a necessidade de justiça histórica, com relatos de perseguições, torturas e exílio forçado. Uma das integrantes, professora universitária, destacou a falsa narrativa sobre a morte de seu pai, que foi assassinado pelo regime, mas teve sua morte inicialmente registrada como suicídio. Outros depoimentos revelam traumas profundos, como famílias separadas à força e pais que nunca se recuperaram das violências sofridas, mesmo após a libertação.
A presidente da Comissão de Anistia considerou a iniciativa fundamental para preservar a memória e evitar a repetição de violações. O grupo também pede a abertura de arquivos da Operação Condor e a revisão de homenagens a agentes da repressão. A luta por reparação, ainda que simbólica, é vista como um passo essencial para o enfrentamento do legado doloroso deixado pela ditadura.