A escola de samba Terceiro Milênio, durante o segundo dia de desfiles das escolas de samba de São Paulo, levou para o Anhembi um importante alerta sobre a violência sofrida pela comunidade LGBTQIAPN+. O samba-enredo “Muito Além do Arco-Íris – Tire o Preconceito do Caminho que Nós Vamos Passar com Amor” trouxe à tona questões de discriminação, com destaque para uma alegoria que relembrou o uso do eletrochoque como uma tentativa de “cura” da homossexualidade. Essa prática foi utilizada em manicômios durante o século 20 no Brasil, quando a homossexualidade ainda era considerada uma doença.
A alegoria, intitulada “Eletrochoque”, foi uma representação simbólica de um período doloroso da história da comunidade LGBTQIAPN+. A drag queen Danny Cowlt, que se apresentou na alegoria, expressou a emoção de representar essa parte da história, que envolvia tratamentos psiquiátricos violentos para pessoas homossexuais. A prática de eletrocutar homossexuais foi registrada em várias instituições no Brasil até a década de 1980, quando a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença pela psiquiatria.
O samba-enredo da escola também trouxe uma mensagem de resistência e de luta pela liberdade de ser quem se é, com versos que abordam o orgulho LGBTQIAPN+ e a busca por aceitação. A letra do samba exalta a importância de respeitar as diferentes formas de amor, e conclama o público a superar o preconceito e a violência, enfatizando a luta por direitos e a valorização da diversidade. O desfile foi um grito de resistência e de celebração do amor em todas as suas formas.