A inflação de alimentos e bebidas no Brasil permanece elevada, atingindo 7% nos 12 meses até fevereiro, segundo o IBGE. Especialistas ouvidos pela DW destacam que a valorização do dólar no final de 2023, somada a desequilíbrios fiscais, pressionou os preços domésticos, já que muitos produtos têm valores atrelados ao mercado internacional. Itens básicos, como café (66% mais caro em um ano), ovos (10,5%) e cortes bovinos (22%), tornaram-se símbolos desse cenário, levando até famílias de baixa renda a buscar alternativas como carcaças de frango e cortes menos nobres de carne suína.
Além do câmbio, eventos climáticos extremos, como o El Niño, agravaram a situação. O fenômeno alterou padrões de chuva e seca no país, prejudicando safras de grãos, frutas e legumes. Segundo a FGV, fatores como a pandemia, a crise hídrica de 2021 e a guerra na Ucrânia criaram uma “tempestade perfeita” para a alta dos alimentos. A queda no desemprego e o aumento da renda também ampliaram a demanda, intensificando a pressão sobre os preços.
Medidas do governo, como cortes de impostos sobre itens essenciais, tentam conter a disparada, mas a incerteza climática persiste. Enquanto a previsão de safras recordes em 2025 traz algum otimismo, especialistas alertam que a frequência crescente de eventos como El Niño, impulsionada pelo aquecimento global, pode manter os alimentos sob risco de novos choques de preços no futuro.