O economista Otaviano Canuto, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), comentou sobre a disparidade nas tarifas impostas pelos Estados Unidos à China em comparação com seus países vizinhos, como Canadá e México. Segundo ele, as tarifas aplicadas à China são significativamente mais altas, refletindo a intensificação das medidas comerciais adotadas pelo governo de Donald Trump. Canuto destaca que a imposição dessas tarifas está resultando em impactos negativos, especialmente no setor industrial, e alerta para os riscos associados à tentativa de reverter o déficit comercial por meio de abordagens bilaterais.
Em relação ao Canadá e ao México, Canuto observa que, apesar da dependência maior do México em relação às exportações para os EUA, ambos os países têm reagido de maneira semelhante às pressões comerciais americanas. O economista aponta que as tarifas impostas a esses países podem causar danos à indústria manufatureira dos EUA, principalmente no setor automobilístico, já que as mudanças na produção poderiam aumentar os custos e reduzir a eficiência das empresas americanas. Ele vê essas políticas como prejudiciais, tanto para a economia dos EUA quanto para os países afetados.
Canuto também criticou a visão da administração americana, representada por figuras como Robert Lighthizer e Peter Navarro, que consideram os superávits comerciais de outros países como exploração. Para o economista, essa visão ignora fatores fundamentais por trás do déficit comercial dos EUA, como a diferença entre a demanda interna e a capacidade produtiva. Ele se mostrou cético sobre a eficácia de uma abordagem similar à Guerra Fria em relação à China, alertando para os riscos de políticas comerciais agressivas que poderiam agravar a situação econômica americana.