A falta de vagas em creches e escolas públicas tem sido um desafio significativo para mulheres em comunidades periféricas do Rio de Janeiro, como Jardim Gramacho, na Baixada Fluminense, e diversas favelas da Grande Tijuca. Dados de pesquisa do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) apontam que 61,8% das mulheres de Jardim Gramacho enfrentam dificuldades para encontrar creches e escolas públicas para seus filhos. O problema é também recorrente no Complexo do Alemão, onde 32% das mães relatam a mesma dificuldade. Muitas dessas mulheres se veem obrigadas a recorrer a escolas particulares ou a pagar cuidadores, o que compromete seus recursos financeiros já escassos.
A pesquisa revelou ainda que a defasagem educacional é uma realidade em muitos desses territórios, com índices elevados de mulheres que não completaram o ensino fundamental, como em Jardim Gramacho e no Borel. Além disso, a educação superior é um privilégio de poucas, com apenas 2% das mulheres na Grande Tijuca e 1,7% em Jardim Gramacho com diploma de graduação, um número bem abaixo da média nacional. A falta de uma rede de apoio familiar também impede muitas mães de buscar emprego fora de casa, uma vez que não têm com quem deixar seus filhos.
A desigualdade no acesso à educação infantil é mais evidente entre as classes sociais, com as crianças mais pobres enfrentando maiores dificuldades para frequentar a creche. De acordo com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, a qualidade do ensino infantil tem grande impacto no desenvolvimento das crianças, especialmente na redução de desigualdades intergeracionais. A falta de acesso à educação infantil de qualidade pode comprometer o futuro das crianças, tornando-as mais propensas a enfrentar problemas sociais e dificultando sua inserção no mercado de trabalho. As políticas públicas ainda estão aquém das necessidades, e a educação infantil precisa ser priorizada para quebrar esse ciclo de desigualdade.