Nos anos 1960, um controverso tratamento psiquiátrico foi aplicado no Royal Waterloo Hospital, em Londres, onde mulheres jovens eram submetidas a longos períodos de narcose combinada com eletroconvulsoterapia (ECT). Em uma sala conhecida como “Sleep Room”, no quinto andar do hospital, as pacientes – quase sempre mulheres – ficavam sedadas por meses, sendo acordadas apenas para alimentação, higiene e sessões de ECT, que envolviam descargas de até 110 volts no cérebro. O método, liderado pelo médico William Sargant, visava “reprogramar” pacientes com distúrbios emocionais, mas hoje é visto como um capítulo sombrio da história da psiquiatria.
Entre as pacientes estava uma jovem de 14 anos que, décadas depois, se tornaria uma atriz conhecida. Ela relembra os momentos em que esperava pela mãe à janela do hospital, uma memória que ainda provoca desconforto. Muitas outras mulheres passaram por experiências semelhantes, mas poucos detalhes sobre seus casos foram documentados, deixando lacunas sobre os verdadeiros impactos desses tratamentos.
Atualmente, o prédio do antigo hospital é frequentado por turistas e trabalhadores, que pouco sabem sobre o que ocorreu no local. A fachada imponente, com seus detalhes em terracota, esconde um passado de práticas médicas hoje consideradas ética e cientificamente questionáveis. A história da “Sleep Room” serve como um alerta sobre os limites da intervenção psiquiátrica e a importância do consentimento informado na medicina.