O Pantanal Film Fest, realizado entre os dias 24 de março e 5 de abril no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campo Grande, traz uma programação variada com 40 filmes que refletem a diversidade da produção audiovisual de Mato Grosso do Sul. A estreia do festival ocorre com a exibição do curta-metragem “A medalha do meu avô”, dirigido por Renan Braga, que mistura ficção e documentário. O filme, com 17 minutos de duração, resgata a história de uma operação secreta ocorrida na fronteira entre Brasil e Paraguai na década de 1960, liderada por Cézar Glauco dos Santos Braga, avô do diretor, e revela os ecos do passado a partir de uma perspectiva familiar.
A trama narra a missão de Cézar Braga, um sargento da reserva, que desmantelou um acampamento guerrilheiro na região da Ponte do Grego, onde paraguaios comunistas planejavam insurgir contra a ditadura de Alfredo Stroessner. A produção, filmada de maneira independente, também explora o envolvimento da família de Renan Braga, com a colaboração de sua esposa e filha na realização do curta. O filme se apoia em documentos oficiais, como registros do Superior Tribunal Militar e memorandos da CIA, para contextualizar o evento dentro do cenário da Guerra Fria.
Além de “A medalha do meu avô”, o festival inclui uma seleção de filmes documentais que abordam temas como fé, resistência, cultura e história local. Entre os destaques estão os curtas “Las Promesseras”, que celebra a festa de Nossa Senhora de Caacupé, e “Favos de Mel”, que retrata a preservação das abelhas nativas de Mato Grosso do Sul. O evento, coordenado pela Pantanal Film Comission, visa promover uma reflexão sobre as questões sociais e culturais da região, com exibição de filmes em diversos horários e debates com os diretores.