Dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) apontam uma grave carência de vagas em creches e escolas públicas em comunidades periféricas do Rio de Janeiro. Em locais como Jardim Gramacho e favelas da Grande Tijuca, um grande número de mulheres relatou a falta de opções de educação infantil para seus filhos, o que afeta diretamente suas condições de trabalho e o desenvolvimento das crianças. Essa situação reflete um problema mais amplo, onde a falta de acesso à educação infantil compromete não só o desenvolvimento de crianças, mas também impede que as mães consigam trabalhar fora de casa, gerando uma dupla violação de direitos.
A pesquisa também destacou uma defasagem educacional significativa entre as mulheres dessas comunidades, com altos índices de analfabetismo e baixo acesso ao ensino superior. Em localidades como o Complexo do Alemão e Jardim Gramacho, apenas uma pequena porcentagem das mulheres concluiu a graduação, refletindo um cenário de desigualdade educacional que se perpetua ao longo das gerações. A falta de creches públicas e a escassez de vagas nos sistemas de ensino infantil intensificam essas desigualdades, criando barreiras adicionais para as famílias de baixa renda, que muitas vezes precisam recorrer a escolas particulares ou pedir ajuda a parentes para cuidar das crianças.
Além disso, a especialista Beatriz Abuchaim, da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, ressaltou a importância de uma educação infantil de qualidade no combate à pobreza intergeracional. O acesso à educação infantil pode quebrar ciclos de pobreza e proporcionar melhores oportunidades para as crianças no futuro, tanto no mercado de trabalho quanto em termos de saúde e bem-estar. No entanto, ainda existe um grande déficit de vagas, principalmente para as crianças mais pobres, que enfrentam obstáculos como a falta de transporte, infraestrutura precária e distâncias longas entre casa e escola.