O possível convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o deputado Guilherme Boulos (SP) integrar o governo, especificamente como ministro da Secretaria-Geral da Presidência, intensificou uma divisão interna no PSOL. A divergência já havia causado a demissão de um assessor da liderança e discussões acaloradas entre membros do partido, mas a possível participação de Boulos na administração federal levou essa divisão a um novo patamar.
Parte do PSOL se posiciona contra a ideia de participar do governo, argumentando que a independência em relação à gestão foi uma posição definida pelo diretório nacional do partido. A deputada Fernanda Melchionna (RS) relembrou a resolução de 2022, que estabelecia o apoio do PSOL às ações do governo Lula em questões sociais, sem, no entanto, ocupar cargos ministeriais. Ela também destacou que a escolha de Sonia Guajajara para o Ministério dos Povos Indígenas foi feita pelo movimento indígena, e não pelo PSOL.
Apesar do perfil governista do grupo liderado por Boulos, que é majoritário, há um forte grupo minoritário que critica o que chamam de “adesismo” e a falta de alternância na liderança da bancada. A tensão aumentou após a demissão de um economista da liderança do PSOL, que discordava da política econômica do governo. Esse episódio gerou confrontos verbais entre parlamentares. Até o momento, Boulos e a presidente do PSOL, Paula Coradi, não se pronunciaram sobre o assunto.