Uma disputa judicial envolvendo a autoria do samba-enredo “É hoje”, apresentado pela União da Ilha do Governador no Carnaval de 1982, ainda segue sem resolução após quatro anos. A obra, que é uma das mais executadas no Brasil, possui registros oficiais com duas assinaturas, mas um terceiro compositor busca o reconhecimento de sua contribuição. Almir da Ilha, alegando ser um dos autores, explica que a ideia para o samba surgiu enquanto trabalhava a bordo de um navio e colaborou com Didi na composição. No entanto, Almir não assinou a obra devido a divergências internas na ala de compositores da escola.
Testemunhas da época, incluindo antigos membros da União da Ilha, corroboram a versão de Almir, afirmando que ele teve um papel crucial na criação do samba. Carlos Alberto, integrante da Velha Guarda da escola, e Fábio Moraes, ex-integrante, afirmam que Almir foi o responsável por parte significativa da composição. Entretanto, o sobrinho de Didi, Alberto Mussa, questiona a reivindicação de Almir, apontando que o reconhecimento deveria ter ocorrido antes, durante a vida do tio, e não somente após a morte dele, há 20 anos.
A disputa também envolve os direitos autorais de Mestrinho, outro compositor do samba, cuja parte no pagamento dos direitos está retida devido à falta de herdeiros conhecidos. O valor que lhe caberia é estimado em cerca de R$ 300 mil. O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) afirma que os pagamentos têm sido feitos aos titulares registrados, mas a pendência sobre a coautoria de Almir e os direitos de Mestrinho seguem sendo questões jurídicas a serem resolvidas nos tribunais.