O carnaval de Brasília, em 2025, reflete a construção de uma identidade plural e em transformação, mesclando ritmos tradicionais como frevo, samba e marchinhas com sons modernos, como a música eletrônica e influências internacionais, como a africana e balcânica. Blocos como o Aparelhinho, no Setor Bancário Sul, representam essa fusão de culturas e são vistos como uma forma democrática de celebrar a folia, com ênfase na acessibilidade e na construção de uma identidade carnavalesca local. A diversidade de ritmos, incluindo o piseiro e o brega funk, vem moldando a celebração, ao mesmo tempo em que ainda se busca consolidar um espírito festivo próprio de Brasília.
No entanto, a festa enfrenta desafios relacionados à organização e ao uso do espaço público. O governo do Distrito Federal estabeleceu três territórios específicos para o carnaval de 2025, com a intenção de melhorar a segurança e a logística. Esses espaços incluem o Gran Folia, na Esplanada dos Ministérios, o Setor Carnavalesco Sul e a Plataforma da Diversidade. Apesar das intenções de otimizar os serviços, essa organização tem gerado controvérsias, como no caso de blocos que tradicionalmente não se encaixam nas áreas demarcadas. Blocos como o “Vai quem Fica” têm resistido a essas imposições, defendendo um carnaval mais espontâneo e orgânico, livre das limitações impostas pelo governo.
Além das questões logísticas, o carnaval de Brasília também está sendo visto como uma intervenção urbana. A professora Maria Fernanda Derntl, pesquisadora da UnB, destaca o impacto do carnaval na ocupação dos espaços públicos e no fortalecimento da memória cultural da cidade. Segundo ela, o evento está ajudando a criar uma identidade carnavalesca para a capital, mas também aponta para a necessidade de políticas públicas que reconheçam e incentivem a festa como um direito cultural dos cidadãos. A transformação de espaços, a criação de novos modelos de gestão e a garantia de um carnaval inclusivo e democrático ainda são pontos centrais do debate sobre o futuro da folia em Brasília.