O carnaval suburbano carioca é conhecido pela forte presença da cultura do bate-bola, tradicionalmente associada ao público masculino. Porém, nas últimas décadas, mulheres começaram a criar turmas femininas para participar dessa tradição, desafiando estereótipos e preconceitos. As Brilhetes de Anchieta, uma dessas turmas, desfila desde 2013 na Zona Norte do Rio e é um exemplo de como a participação feminina no carnaval de bate-bola tem crescido e se transformado, contando com mulheres que desfilam sozinhas ou acompanhadas de suas famílias.
A turma foi fundada por Vanessa Amorim, inspirada em uma outra turma, a Do Brilho, criada por seu sogro. A proposta das Brilhetes de Anchieta é resgatar e transformar a cultura do bate-bola, que, segundo a fundadora, é uma manifestação genuinamente do subúrbio carioca, onde há uma pluralidade de artistas e formas de expressão. A turma se distanciou do estigma de violência que, por vezes, acompanha o bate-bola, buscando proporcionar um ambiente mais inclusivo e familiar. As mulheres, em particular, têm lutado para afirmar seu espaço nessa cultura, mostrando que podem brincar e se divertir sem medo de preconceito.
Embora atualmente não haja desfile nas ruas de Anchieta, a festa continua a ser celebrada no Parque Anchieta, no Francisco Macedo. Integrantes como Renata Oliveira destacam o caráter pacífico e acolhedor da turma, que oferece um espaço para famílias inteiras. O evento busca passar a mensagem de que o carnaval, especialmente o bate-bola, é um lugar para todos, independente do gênero, e que mulheres, muitas vezes mães, estão se apropriando desse espaço com confiança e alegria, sem a necessidade de recorrer a comportamentos agressivos ou desrespeitosos.