Os países do Brics não estão usando as reuniões técnicas do bloco para alinhar uma resposta coordenada às tarifas comerciais implementadas pelo governo dos Estados Unidos, segundo Antonio Freitas, subsecretário de finanças internacionais do Ministério da Fazenda. Ele destacou que o grupo não é homogêneo e que cada membro tem relações distintas com os norte-americanos, além de prioridades e políticas econômicas divergentes. Apesar disso, Freitas não descarta que a cúpula do Brics, marcada para julho no Rio de Janeiro, possa incluir no comunicado final uma defesa do livre comércio e do sistema multilateral da OMC.
O subsecretário também afirmou que não há discussões sobre a criação de uma moeda comum entre os membros do Brics, iniciativa que já foi criticada pelo ex-presidente dos EUA. Freitas ressaltou a dificuldade de harmonizar políticas monetárias e cambiais entre países tão diversos. Em vez disso, o bloco está focando em facilitar o comércio e os investimentos, com temas como meios de pagamento, financiamento climático e coordenação em organismos financeiros internacionais.
Com a recente expansão do Brics, que incluiu seis novos membros em 2023, o desafio de encontrar convergência entre as nações aumentou. Freitas comparou a experiência à presidência brasileira no G20, destacando a complexidade de articular posições comuns em um grupo maior e mais diversificado. A prioridade atual do bloco, segundo ele, é fortalecer mecanismos de cooperação financeira e comercial, sem avançar para medidas mais ousadas, como uma moeda alternativa.