O Brasil possui 119 povos indígenas em isolamento voluntário, também conhecidos como povos livres, sendo que 37 deles estão em territórios desprotegidos e expostos a ameaças externas. Esses povos optam pelo isolamento devido a experiências traumáticas de violência, evitando a convivência com não indígenas ou outros grupos originários. O livro “Povos Indígenas Livres/Isolados na Amazônia e Grande Chaco”, lançado recentemente em Brasília, traz dados sobre esses povos, destacando que a Fundação Nacional do Índio (Funai) reconhece apenas 28 desses grupos com existência comprovada.
A obra, organizada por especialistas da área, denuncia a negligência do Estado brasileiro em relação aos povos livres, que são frequentemente ignorados pelas autoridades governamentais. Segundo o antropólogo Lino João de Oliveira Neves, essa omissão reflete uma política de negação que expõe a violência contra os indígenas, além de comprometer a implementação de direitos constitucionais. Neves e outros estudiosos ressaltam que, nos últimos anos, houve retrocessos nas políticas indigenistas, especialmente no Brasil e no Peru, prejudicando a proteção e a manutenção dos direitos territoriais dos povos indígenas.
O livro também discute a questão das fronteiras, onde muitos desses povos estão localizados, e a importância da cooperação entre países para implementar políticas de proteção eficazes. Participantes do lançamento, como o historiador Guenter Francisco Loebens e o secretário do Grupo de Trabalho Internacional para a Proteção dos Povos Indígenas Isolados, Daniel Aristizabal, chamaram a atenção para a necessidade de estratégias ecológicas e o respeito à autodeterminação dos povos. A publicação está disponível para leitura gratuita no site do Cimi e pode ser adquirida em formato impresso com valor revertido para custear a produção.