O Brasil registra cerca de 2.100 bird strikes anuais desde 2021, o que equivale a aproximadamente seis incidentes diários de colisões entre aeronaves e aves. Embora, na maioria das vezes, esses episódios não resultem em acidentes graves, há situações que geram prejuízos, como o dano em aviões e o cancelamento de voos. Recentemente, dois casos de bird strikes envolvendo aviões de grandes companhias aéreas brasileiras chamaram a atenção pela interrupção das operações e o impacto nos passageiros.
Além dos danos materiais, a alta taxa de judicialização no setor aéreo brasileiro tem sido um motivo de preocupação para os executivos das companhias. A aviação no país enfrenta uma quantidade expressiva de processos judiciais em comparação com outros países, como os Estados Unidos. Esses litígios, em sua maioria, envolvem ações por danos morais devido a cancelamentos e atrasos causados por bird strikes, o que gera um custo adicional para as empresas, que, na visão dos gestores, deveria ser compartilhado com os aeroportos, responsáveis por garantir a segurança nas áreas de pouso e decolagem.
A responsabilidade pelo controle da fauna, que inclui medidas para evitar o aumento de aves nas proximidades das pistas, é um tema controverso. Enquanto os aeroportos afirmam não ter competência para lidar com situações como lixões próximos, que atraem aves, especialistas defendem uma atuação colaborativa entre companhias aéreas, aeroportos e órgãos municipais para reduzir esses riscos. Apesar dos esforços dos aeroportos para mitigar o problema com tecnologias e práticas ambientais, ainda há desafios em relação à legislação e à implementação de normas eficazes, que são aguardadas por mais de uma década.