O Banco Central (BC) indicou a possibilidade de uma nova alta dos juros em menor magnitude na próxima reunião do Copom, em maio, devido aos efeitos defasados da política monetária e às incertezas econômicas. Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do BC, reforçou que os juros devem permanecer elevados por mais tempo, diante da desancoragem das expectativas de inflação. A projeção de crescimento do PIB para 2024 foi revisada de 2,1% para 1,9%, com o BC destacando que a taxa de juros contracionista deve levar a economia a crescer abaixo do potencial nos próximos trimestres.
A inflação continua pressionada, com o IPCA projetado acima do teto da meta por vários meses, o que obrigará o BC a enviar uma nova carta aberta ao ministro da Fazenda. Guillen destacou que a alta dos preços não se limita a itens pontuais, mas reflete um processo inflacionário mais amplo, com núcleos de inflação também em ascensão. Além disso, o real apreciado no primeiro trimestre contribuiu para a queda no índice de commodities, embora os preços industriais ainda apresentem desafios para o controle da inflação.
O mercado de trabalho mostra sinais de arrefecimento, mas permanece aquecido, com desaceleração na geração de empregos formais. O BC também apontou incertezas internas e externas para a atividade econômica, com projeções revisadas para consumo das famílias e investimentos em 2025. Setores cíclicos, como serviços, devem perder força, enquanto exportadores e agropecuária tendem a crescer. A moderação do crescimento econômico ao longo do ano é vista como consequência da política monetária restritiva.