Em 2024, o Brasil registrou um recorde de mais de 470 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais, o maior número desde 2014, segundo dados do Ministério da Previdência Social. Esse aumento de 68% em relação ao ano anterior reflete uma crise de saúde mental que afeta diretamente trabalhadores e empresas. Especialistas apontam que a crise é um reflexo de fatores como as cicatrizes da pandemia, estresse emocional pós-pandemia e insegurança financeira, que agravaram quadros como depressão, ansiedade e burnout, comprometendo a capacidade de muitos profissionais de seguir com suas atividades.
A maior parte dos afastamentos afetou mulheres, com idade média de 41 anos, que são mais vulneráveis a questões sociais como sobrecarga de trabalho, menor remuneração e responsabilidades familiares. Embora os dados sobre raça, faixa salarial e escolaridade não tenham sido fornecidos, o impacto é perceptível no aumento das licenças médicas em diversos setores. As empresas têm buscado soluções, como a implementação de suporte psicológico e outros benefícios, para mitigar os efeitos dessa crise, mas especialistas alertam que mudanças estruturais nas condições de trabalho são essenciais.
O cenário também gerou uma resposta governamental, com o Ministério do Trabalho atualizando as diretrizes de saúde no ambiente de trabalho, estabelecendo maior fiscalização sobre os riscos psicossociais nas empresas. A nova norma poderá resultar em multas para empresas que não adotarem medidas preventivas adequadas. No entanto, especialistas destacam que, para que as mudanças sejam efetivas, é necessário um esforço contínuo das empresas e políticas públicas mais eficazes na promoção do bem-estar psicológico dos trabalhadores.