A Arábia Saudita tem se destacado como um mediador global ao sediar negociações de alto risco envolvendo representantes dos Estados Unidos, Rússia e Ucrânia, sinalizando sua crescente ambição de se tornar um ator internacional influente. Recentemente, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman tem promovido encontros com líderes globais, incluindo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, e facilitado diálogos diretos entre Washington e Moscou. Esses esforços fazem parte da estratégia saudita de projetar uma imagem de neutralidade e mediação, alinhada ao seu objetivo de atrair investimentos e diversificar sua economia para além do petróleo, conforme previsto na Visão 2030.
Nos últimos anos, a Arábia Saudita tem se afastado de posições militares agressivas, como a guerra no Iémen, e buscado estabelecer laços diplomáticos com potências como a China e a Rússia, enquanto mantém relações estreitas com o Ocidente. O reino também tem se posicionado como um pacificador no Oriente Médio, mediando várias trocas de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia, além de organizar cúpulas de paz, como a de agosto de 2023 sobre o conflito ucraniano. Essas ações refletem o desejo da Arábia Saudita de ampliar seu poder suave e sua influência geopolítica, buscando equilibrar interesses regionais e globais.
Ao mesmo tempo, o reino busca aproveitar sua posição privilegiada nas negociações internacionais para tratar de questões regionais, como o futuro de Gaza. A Arábia Saudita, embora alinhada aos EUA em alguns aspectos, tem se mostrado cautelosa em relação às propostas que afetam diretamente os palestinos. Com as eleições presidenciais dos EUA se aproximando, o príncipe Mohammed bin Salman pode ter que lidar com demandas conflitantes, tentando equilibrar as pressões externas com os interesses regionais e as expectativas de sua população.