O advogado Tom Goodhead, que representa vítimas e municípios afetados pelo desastre de Mariana, criticou a postura da BHP em um processo judicial em andamento no Reino Unido, que trata da responsabilidade pelo rompimento da barragem. Segundo Goodhead, a mineradora está adotando uma estratégia de protelação no processo, o que pode resultar em consequências financeiras graves para a Vale, sua sócia na Samarco. Embora a Vale não seja ré, ela tem um acordo com a BHP para arcar com metade dos prejuízos, e o advogado alerta para o risco de uma falência caso a BHP persista em estender a disputa até 2028, como sugerido pela empresa.
O advogado também mencionou o valor de R$ 260 bilhões que as vítimas estão solicitando em indenização, destacando que esse montante é respaldado por consultorias especializadas, e não por estimativas informais. Goodhead reforçou que a postura da BHP é arriscada tanto para suas próprias finanças quanto para as de sua parceira, a Vale, que pode ser diretamente impactada por juros e correções ao longo do tempo. Em caso de condenação, o advogado pretende pedir uma antecipação substancial dos pagamentos, sugerindo que uma parcela entre 50% e 75% da indenização final seja paga antes de 2028.
Por fim, Goodhead ressaltou que a Vale possui uma postura mais pragmática em relação à resolução do caso, destacando a seriedade de seus dirigentes na busca por uma solução justa. Ele afirmou que, ao contrário da BHP, que tem interesses menos alinhados ao Brasil, a Vale demonstra um compromisso com o longo prazo no país. A postura da mineradora brasileira foi considerada mais razoável e equilibrada, o que levanta a questão sobre o alinhamento estratégico entre as duas empresas no que diz respeito à resolução do caso.