A segunda novela de Brittany Newell, “Soft Core”, apresenta uma trama difícil de categorizar, transitando entre thriller, sátira sobre o trabalho sexual e romance. A autora, formada por Stanford e profissional do universo da dominação, usa sua experiência de vida como base para criar uma narrativa que foca nas sensações e não nos fatos. Embora o livro tenha elementos autobiográficos, Newell destaca que a obra não deve ser lida como um relato pessoal, mas como uma exploração literária de temas como desejo, solidão e busca por identidade. A atmosfera do romance é carregada de mistério e um tom inquietante, que confere uma sensação quase fantasmal à história.
A protagonista, Ruth (ou Baby, ou Sunday, como gosta de ser chamada), é uma dançarina e novata dominatrix em São Francisco. Ela divide seu tempo entre o trabalho em um bordel e uma casa de striptease, navegando por um mundo insólito e de transições entre a escuridão e a luz da cidade. Ruth se mantém ocupada para afastar o vazio emocional que sente, após o desaparecimento de seu ex-namorado e traficante de ketamina, Dino, e o fracasso de seu relacionamento com um “sugar daddy”. O ritmo frenético de sua rotina reflete sua tentativa de evitar o luto e a introspecção.
Apesar de ser um livro que aborda temas como desejo e solidão, “Soft Core” se distingue pela sua abordagem não convencional e pela presença de figuras perturbadoras, como stalkers e personagens duplos. A narrativa mistura elementos de suspense psicológico com uma crítica ao universo das fantasias sexuais e ao trabalho sexual, criando uma leitura instigante e cheia de camadas. A obra, com sua pegada misteriosa e personagens complexos, convida o leitor a refletir sobre os limites entre a realidade e a fantasia.