O fim da Guerra Fria e os eventos mais recentes na Europa têm impulsionado uma significativa reconfiguração das dinâmicas geopolíticas globais. Durante décadas, a segurança do continente foi garantida pela aliança com os Estados Unidos, mas com a chegada de um novo contexto político, essa relação foi questionada. A postura do governo de Donald Trump, que defendeu uma redução do envolvimento americano na defesa da Europa, abriu espaço para uma reflexão mais profunda sobre a autonomia europeia na área de segurança, levando países como a França a buscar uma maior independência militar.
Em resposta a essa mudança, a União Europeia propôs um aumento significativo nos gastos com defesa, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciando um plano de 800 bilhões de euros para os próximos anos. No entanto, essa é uma solução a longo prazo, e, por enquanto, a presença dos Estados Unidos como aliado formal continua a ser vista como necessária. O presidente francês Emmanuel Macron tem defendido uma ruptura mais decisiva com os americanos, sugerindo um maior investimento em forças militares e no uso da capacidade nuclear da França para proteger a Europa, especialmente contra as ameaças da Rússia.
A França, com seu arsenal nuclear significativo, está disposta a estender sua proteção aos aliados europeus, como a Alemanha, com o intuito de garantir sua segurança diante das tensões com a Rússia. Embora a ideia de compartilhar tecnologia nuclear com outros países seja controversa, ela tem ganhado apoio dentro da Europa, que se vê cada vez mais distante da confiança nos Estados Unidos. Este cenário sugere uma nova era geopolítica, onde a Europa busca maior autonomia e poder de dissuasão para enfrentar desafios futuros, sem depender exclusivamente dos Estados Unidos para sua segurança.