Em 1990, o explorador norueguês Erling Kagge fez história ao se tornar o primeiro a alcançar os 90 graus norte sem o auxílio de máquinas ou animais. Durante a expedição, ele viveu uma experiência única e desafiadora no Polo Norte, onde as condições extremas, como a escuridão por seis meses e o frio intenso, testaram seus limites físicos e mentais. Ao tentar abrir um pacote de passas enquanto usava luvas grossas, um dos frutos escapou e, em um momento de pura necessidade, ele se agachou e usou a língua para resgatá-lo, refletindo sobre a insignificância e, ao mesmo tempo, a importância de momentos como aquele.
Na vastidão gelada, Kagge se viu questionando o significado da vida, diante da adversidade constante e dos riscos iminentes, como o encontro com ursos polares e a possibilidade de canibalismo. O ambiente implacável e a história de exploradores que sucumbiram ali tornam o contexto ainda mais sombrio. No entanto, para ele, as respostas para suas perguntas estavam nas pequenas maravilhas diárias, nas ações simples que tornam a experiência suportável e até gratificante, como um gesto de sobrevivência ou a visão da neve intacta.
Sua jornada não foi apenas física, mas também emocional e filosófica, pois o isolamento e a solidão levaram-no a meditar sobre o propósito humano e a luta constante pela vida. Kagge mostra como, mesmo nas situações mais extremas, pode-se encontrar significado e até alegria nas pequenas vitórias diárias, ressaltando a importância de manter a esperança e a humanidade em meio ao caos natural.