Mustafa foi detido e agredido pela primeira vez aos 16 anos, em 2011, durante um período de crescente agitação no Oriente Médio, com protestos contra os governos e a repressão intensificada. Em meio à instabilidade na Síria, o jovem se viu envolvido em um trabalho como figurante em um programa de televisão nacionalista, uma oportunidade simples que surgia em meio às dificuldades diárias de um emprego em um restaurante. Mustafa vivia com sua família em um bairro pobre de Damasco, onde seu pai, um clerigo rígido, impunha regras severas. Aos 14 anos, ele fugiu de casa em busca de liberdade e encontrou um emprego no restaurante, onde passou a trabalhar longas horas, o que ele consideraria a época mais feliz de sua vida.
O clima de tensão na Síria aumentou rapidamente, e Mustafa, agora com 18 anos, foi informado que a única maneira de evitar permanecer na prisão era se alistar nas forças do regime. Essa decisão o colocaria em uma trajetória de 14 anos como combatente, lutando ao lado das forças do governo sírio. Durante esse período, ele vivenciou uma mudança profunda em sua vida e passou a se envolver em um conflito que traria inúmeras consequências pessoais e emocionais.
Após tantos anos, Mustafa se vê agora em uma situação de risco, com seu passado como um dos combatentes do regime colocando sua vida em perigo. Sua jornada reflete as escolhas difíceis e os dilemas enfrentados por muitos jovens sírios que, em meio a uma guerra devastadora, foram forçados a tomar decisões que afetaram seu futuro de formas que nem sempre poderiam prever. O relato de Mustafa é um reflexo das complexas realidades que marcaram a Síria durante a última década e das histórias de pessoas comuns que se viram arrastadas para um conflito brutal e sem fim.