A internet nos dá a impressão de que todos estão discutindo os mesmos temas, mas isso está longe de ser verdade. As redes sociais e plataformas digitais frequentemente criam uma sensação de consenso, amplificada pela “câmara de eco”, onde indivíduos com opiniões semelhantes se agrupam. Porém, estudos indicam que a produção de conteúdo digital é extremamente concentrada em um número reduzido de pessoas. Por exemplo, apenas 6% dos usuários do X (antigo Twitter) geram 73% dos tweets políticos nos Estados Unidos, e no TikTok, 25% dos usuários são responsáveis por 98% do conteúdo. Esse fenômeno também se observa em outras plataformas, como a Wikipédia, onde 0,7% dos usuários geram mais de 80% do conteúdo.
Além disso, as bolhas de discussão na internet são muito menores do que aparentam. Um levantamento realizado no Brasil, em 2024, revelou que o futebol, por exemplo, representa apenas 15,32% das conversas online, e outras categorias como política e fofoca somam apenas 4,14% e 4,30%, respectivamente. A pesquisa também destacou que muitos temas populares nas redes sociais são abordados por uma pequena fração da população, enquanto a maioria consome passivamente. Isso evidencia que, embora a internet pareça um espaço de debate democrático, ela é, na prática, moldada por uma minoria altamente engajada.
Esses dados sugerem que a percepção de grandes bolhas homogêneas na internet está distorcida, e que o impacto real de certos debates é muito menor do que se imagina. A dinâmica das redes sociais e os algoritmos que as governam criam a ilusão de uma conversa global, quando na verdade estamos vendo apenas a manifestação de uma minoria. A conclusão é clara: a maioria das conversas digitais é moldada por poucos, e a percepção de uma discussão ampla e democrática frequentemente é exagerada.