O Rio de Janeiro, que celebra 460 anos, tem sua trilha sonora cada vez mais diversificada, refletindo tanto suas belezas quanto os desafios urbanos. A música da cidade, que antes era dominada por melodias românticas e bossa nova, como exemplificado pela “Garota de Ipanema” de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, hoje convive com os sons do funk, trap e rap, que denunciam as realidades sociais das comunidades cariocas. Artistas contemporâneos, como Ludmilla e rappers como Dom7, L7nnon e ZL, são responsáveis por exaltar o cotidiano das zonas mais carentes, contrastando com as antigas representações idílicas da cidade.
Ao longo dos anos, a música carioca passou por uma transformação significativa, marcada pela mudança nas realidades sociais e políticas da cidade. Enquanto os sambas e canções dos anos 50 e 60 exaltavam o glamour da zona sul e as paisagens de cartões postais, as músicas mais recentes, como as de Planet Hemp e MCs como Junior & Leonardo, fazem uma crônica de uma cidade marcada por desigualdade, violência e segregação. A distância entre a romantização das décadas passadas e a abordagem crua e realista dos dias de hoje é evidente na diversidade musical que compõe a paisagem sonora do Rio.
Apesar das contradições e das dificuldades, a música ainda é um meio de expressão e orgulho para os cariocas. Mesmo com a violência e os desafios sociais, o Rio de Janeiro continua sendo uma cidade vibrante, cuja música se reinventa e encontra novos espaços para dialogar com o mundo. A evolução dessa sonoridade, do samba à bossa nova até os mais recentes ritmos urbanos, reflete as mudanças e os contrastes de uma metrópole que segue em constante transformação, celebrando tanto suas belezas quanto seus problemas.