Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados com 444 votos, um número inferior ao recorde de Arthur Lira (PP-AL) em 2023, mas suficiente para sinalizar um biênio favorável à agenda econômica do ministro Fernando Haddad e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aos 35 anos, Motta é o parlamentar mais jovem a assumir o cargo. Embora tenha demonstrado em momentos anteriores uma postura contrária ao governo, analistas afirmam que ele deve pautar projetos favoráveis ao governo, embora a questão principal será a capacidade da Câmara de votar essas propostas.
O apoio de Motta ao governo se reflete em sua atuação passada em relação a diversas propostas do ministro Haddad, incluindo reformas tributária e fiscal. A eleição do deputado pode ser vista como uma vitória para o governo, pois facilita o diálogo com o Congresso, especialmente com a colaboração com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Contudo, o cientista político Eduardo Grin alerta que o caminho será desafiador, já que o governo ainda precisa lidar com as pressões do Centrão e manter o esquema das emendas para garantir apoio político na Câmara.
Apesar do tom otimista, Grin destaca que não se pode esperar um cenário de total harmonia. A política de emendas continuará a ser uma ferramenta essencial para o governo de Lula, e o processo legislativo será marcado por forte pressão sobre as decisões e alinhamentos políticos. Portanto, a presidência de Motta, embora traga oportunidades, também exigirá uma articulação cuidadosa para garantir avanços significativos nas pautas do governo.