A crescente violência no Haiti, alimentada por gangues armadas que dominam grande parte da capital, Porto Príncipe, tem gerado um aumento alarmante nos casos de abuso infantil. De acordo com a agência da ONU para a infância (Unicef), o número de incidentes de violência sexual contra crianças no país foi 10 vezes maior em 2024 em comparação a 2023, com um aumento de 1.000% em relação ao ano anterior. A situação é descrita como um cenário devastador onde os corpos das crianças se tornaram “campos de batalha”, com gangues infligindo horrores inimagináveis.
Além disso, o recrutamento de crianças para as gangues se tornou uma tragédia crescente no país. Em 2024, o número de crianças recrutadas por grupos armados aumentou em 70%, e hoje cerca de metade dos membros das gangues são menores, com idades a partir de oito anos. Muitas dessas crianças são sequestradas, enquanto outras são atraídas por promessas falsas ou pela extrema pobreza. As gangues alimentam um ciclo de sofrimento e violência que parece sem fim, com as autoridades locais, mesmo com apoio internacional, incapazes de conter o avanço dessas organizações.
No contexto de segurança, a comunidade internacional tem intensificado esforços para ajudar o Haiti a enfrentar a crise. Recentemente, os Estados Unidos autorizaram a liberação de US$ 40,7 milhões para fortalecer a missão de segurança da ONU no país, com o envio de mais policiais, especialmente do Quênia. Contudo, a situação continua difícil, com grandes áreas da capital ainda sob controle das gangues, e a missão de paz precisa se expandir para garantir alguma estabilidade.