Entre 2015 e 2024, foram registrados 23 casos de violência rural em Anapu, no Pará, conforme dados divulgados pela Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE-PA). Esses incidentes incluem homicídios, tentativas de homicídio, ameaças e desaparecimentos, com destaque para a subnotificação de casos devido à dificuldade de acesso a canais de denúncia. Além disso, muitos processos foram arquivados pela falta de identificação dos autores, gerando um ciclo de impunidade que contribui para a continuidade dos conflitos agrários na região.
Anapu, situada ao longo da Rodovia Transamazônica, é marcada por uma história de ocupação desordenada e conflitos relacionados ao desmatamento e à grilagem de terras. O município concentra populações tradicionais e trabalhadores rurais, sendo um dos locais mais violentos do estado, com os trabalhadores rurais frequentemente sendo alvo de ameaças e violência. A falta de políticas públicas adequadas e o planejamento deficitário agravaram a situação, tornando os conflitos agrários um problema persistente na região.
O caso da missionária Dorothy Stang, assassinada em 2005, ainda é um símbolo dos desafios enfrentados pelos defensores dos direitos no campo. A violência contra trabalhadores rurais e lideranças locais é alimentada por disputas por terra e recursos naturais, com a grilagem de terras e a exploração ilegal de madeira como fatores principais. O Pará, em 2023, foi apontado como o estado mais violento da Amazônia, refletindo a grave situação de insegurança e conflito que continua a afetar milhares de trabalhadores rurais e comunidades indígenas.