O uso da inteligência artificial para criar músicas póstumas tem gerado debates intensos, especialmente em relação ao impacto ético dessas práticas. Um exemplo recente ocorreu em 2023, quando a Volkswagen lançou uma campanha publicitária em que a cantora Elis Regina, falecida em 1982, fez um dueto com sua filha, Maria Rita. A veiculação gerou discussões nas redes sociais sobre a validade de tais iniciativas e os direitos dos artistas falecidos. A polêmica se estendeu para outros casos, como o de Steve Marriott, vocalista da banda Small Faces, cuja filha, Mollie Marriott, luta para impedir o lançamento de músicas póstumas usando IA.
Mollie Marriott, apoiada por figuras icônicas do rock, como Robert Plant e David Gilmour, argumenta que o uso de inteligência artificial para criar novos materiais de artistas falecidos é uma afronta ao legado dos músicos. Ela denuncia que a gestão do patrimônio de Steve Marriott, que inclui o lançamento de um álbum solo com músicas feitas por IA, foi autorizada por sua madrasta, Toni Marriott. A falta de testamento e o controle do patrimônio pela esposa de Marriott após sua morte geraram discordâncias familiares, com a filha do músico buscando reverter os projetos que consideram prejudiciais à imagem de seu pai.
Enquanto isso, representantes do patrimônio de Steve Marriott indicam que a questão está em aberto, com o futuro do projeto de gravação utilizando sua voz ainda indefinido. Chis France, diretor administrativo do patrimônio, afirmou que, embora não haja planos firmes, o interesse em usar a voz de Marriott em gravações de IA continua a ser uma possibilidade. A controvérsia reflete um cenário mais amplo sobre a ética do uso de tecnologia para reviver artistas falecidos, que tem gerado discussões sobre o valor da arte em contraste com os interesses comerciais.