Em 2018, Ariela Nascimento, Vênus Anjos e Zuri Moura iniciaram suas trajetórias acadêmicas em universidades federais do Rio de Janeiro, representando um pequeno, mas crescente, grupo de pessoas transexuais e travestis no ensino superior. As três enfrentaram dificuldades de acesso e permanência, e o ambiente universitário se revelou um espaço desafiador devido ao preconceito e à solidão. Zuri, por exemplo, compartilhou a experiência de perceber que as universidades não foram feitas para corpos como o seu, e a partir disso, fortaleceu a luta por uma educação inclusiva e afirmativa para a comunidade trans.
O movimento em prol da educação para pessoas trans ganhou força, com a criação de coletivos como a Rede Transvesti UFFiana, fundado por Zuri, que teve papel crucial na implementação de políticas de reserva de vagas na Universidade Federal Fluminense (UFF). Em 2024, a UFF se tornou pioneira no Rio de Janeiro ao adotar a política de cotas, com 2% das vagas de graduação destinadas a pessoas trans e travestis. Apesar do avanço, a luta por uma política de permanência universitária se intensifica, já que muitas dessas pessoas ainda enfrentam grandes desafios para concluir seus cursos.
Embora as políticas de cotas estejam em expansão, o acesso a dados sobre a presença de pessoas trans nas universidades ainda é limitado, o que dificulta a avaliação precisa dessa inclusão. Organismos como o Inep e a Capes não oferecem informações detalhadas sobre a população trans nas pesquisas acadêmicas. Defensores da causa, como Vênus, apontam a necessidade urgente de garantir bolsas de permanência e pesquisa, além de garantir dignidade e direitos humanos para esse grupo, para que possam superar as barreiras sociais e alcançar a verdadeira inclusão no meio acadêmico.