Em 2018, Ariela Nascimento, Vênus Anjos e Zuri Moura ingressaram em universidades públicas brasileiras, superando desafios relacionados à discriminação e dificuldades no acesso ao ensino superior. As três universitárias fazem parte de um grupo reduzido de pessoas trans e travestis que conseguem uma vaga em instituições de ensino superior no Brasil, refletindo a exclusão histórica dessa população. A busca por visibilidade e a criação de espaços como a Rede Transvesti UFFiana têm sido essenciais na luta por políticas afirmativas, incluindo cotas para pessoas trans.
Em 2024, a Universidade Federal Fluminense (UFF) tornou-se pioneira ao aprovar a reserva de vagas para pessoas trans e travestis em seus cursos de graduação e pós-graduação. A medida, que entra em vigor em 2025, reserva 2% das vagas na graduação e garante pelo menos uma vaga para estudantes trans em cada programa de pós-graduação. No entanto, os defensores dessas políticas alertam para a necessidade de medidas complementares, como programas de permanência, para garantir que esses estudantes não abandonem a universidade devido à precariedade das condições sociais e econômicas.
Apesar do avanço, a falta de dados sobre a presença de pessoas trans no ensino superior é uma preocupação. Estudo do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa) revelou que apenas 0,3% dos universitários nas instituições federais são pessoas trans, e a coleta de dados ainda é limitada. Organizações como a Capes e o Inep reconhecem essa lacuna e indicam que novas pesquisas podem fornecer informações cruciais para o aprimoramento das políticas públicas voltadas a essa população. A implementação de cotas é vista como uma medida importante, mas também é necessário garantir a permanência e o apoio contínuo desses estudantes ao longo da trajetória acadêmica.