Donald Trump compartilhou durante seu mandato ideias que ressoam com uma antiga fantasia expansionista dos fundadores dos Estados Unidos: a anexação do Canadá. Durante o período de transição entre seu primeiro e segundo mandato, Trump expressou interesse não apenas em adquirir a Groenlândia e o Canal do Panamá, mas também em transformar o Canadá no 51º estado dos EUA. No entanto, sua crença de que os canadenses desejariam abandonar o sistema de saúde público e se unir aos americanos em busca de liberdade reflete um erro histórico, já que a tentativa dos Estados Unidos de incorporar o Canadá remonta ao período colonial.
Nos primeiros anos da independência, os Estados Unidos já haviam tentado incluir o Canadá em sua união, começando com uma proposta em 1774 para que representantes do Quebec se unissem ao movimento patriota. A proposta ignorava a diferença cultural e religiosa da província, majoritariamente francófona e sob domínio britânico, que não compartilhava o mesmo desejo de se juntar à revolução americana. Além disso, as tentativas de invasão de Quebec no decorrer da Revolução Americana falharam, com os americanos sendo derrotados, o que consolidou a percepção de que o Canadá não estava interessado em se juntar aos Estados Unidos.
Apesar disso, o desejo de expansionismo americano sobre o Canadá se manteve até o século XIX, refletido na Guerra de 1812 e nas discussões sobre a Manifest Destiny. Entretanto, a realidade mostrou que os canadenses não tinham interesse em ser anexados. Ao longo do tempo, a relação entre os dois países evoluiu para uma parceria sólida, com ambos lutando juntos em conflitos como as Guerras Mundiais. Hoje, as ideias de Trump sobre a anexação do Canadá refletem uma visão desatualizada, que não só foi mal interpretada por suas implicações econômicas e políticas, mas também pode aumentar o nacionalismo canadense e dificultar acordos comerciais futuros.