O Tesouro Nacional anunciou, nesta terça-feira (18), a emissão de títulos em dólares com vencimento em 2035, parte de uma estratégia para aumentar a liquidez da curva de juros soberana no mercado externo. O objetivo é também oferecer uma referência para o setor corporativo e antecipar o financiamento de vencimentos em moeda estrangeira. A operação é liderada pelos bancos Bradesco, JP Morgan e Morgan Stanley, com uma taxa inicial de 7,05%. Esse movimento se insere dentro da política do governo de não depender diretamente do financiamento externo, embora os títulos atrelados ao câmbio representem uma porção reduzida da dívida pública do país.
A última emissão externa do governo brasileiro ocorreu em junho de 2024, quando foram lançados títulos vinculados a compromissos sustentáveis, totalizando US$ 2 bilhões. A nova operação ocorre em um momento de melhora no Credit Default Swap (CDS) do Brasil, indicador que reflete o risco do país, que caiu mais de 20% no início deste ano. Em 2024, o governo brasileiro solicitou ao Senado a ampliação do limite de emissão de títulos públicos no exterior, com previsão de ampliação de US$ 75 bilhões para US$ 125 bilhões ao longo de 10 a 15 anos, visando uma estratégia de títulos sustentáveis.
O governo não tem intenção de interferir no câmbio ao realizar emissões externas de títulos, conforme declarado pelo subsecretário da Dívida Pública, Daniel Leal. A política cambial e monetária, segundo ele, é de competência do Banco Central. A operação reflete também a expectativa de que, apesar das incertezas fiscais internas e do mercado global, o Brasil consiga continuar atraindo investidores externos e manter sua estratégia de financiamento, sem depender exclusivamente do mercado internacional.