A imposição de tarifas sobre o aço e o alumínio, anunciada por Donald Trump, tem o potencial de impactar de maneira significativa o setor no Brasil, visto que o país é um dos maiores exportadores desses produtos para os Estados Unidos. O Brasil direciona 48% de suas exportações de aço para o mercado norte-americano, gerando uma receita relevante, que, em 2024, foi de US$ 5,7 bilhões. No entanto, especialistas apontam que uma retaliação por parte do Brasil poderia resultar em danos econômicos mais profundos para o país do que para os EUA, devido à assimetria entre as duas economias.
Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Negócios Globais da FGV, sugere que, em vez de uma resposta imediata, o Brasil deveria optar por um canal de diálogo com os Estados Unidos para evitar uma escalada da guerra comercial. Historicamente, o país já enfrentou tarifas impostas por Trump durante seu primeiro mandato, mas conseguiu negociar cotas de importação para o aço, enquanto as tarifas sobre o alumínio permaneceram em 10%. Uma nova negociação poderia ocorrer, mas dependeria da qualidade da comunicação entre os dois governos.
A relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, embora importante, tem se tornado mais complexa com a ascensão da China como principal parceiro comercial brasileiro. Ferraz destaca que, embora o Brasil tenha uma das maiores médias tarifárias do mundo, isso é resultado de um processo de negociação histórico que inclui isenções para países em desenvolvimento. O impacto de uma possível tarifa sobre o etanol, outro produto de interesse dos EUA, também é uma preocupação no contexto das negociações comerciais futuras.