A licitação de cerca de R$ 180 milhões para a coleta de lixo em Ananindeua, no Pará, tem gerado suspeitas de direcionamento para uma empresa próxima ao prefeito da cidade. A Norte Ambiental Gestão e Serviços Ltda, que pertence a um empresário local, é vista como a possível vencedora da licitação, apesar de irregularidades no processo. A empresa já estaria realizando a coleta de lixo em algumas áreas do município antes da conclusão do processo licitatório, o que foi confirmado por registros de um caminhão da empresa circulando sem a devida identificação e com uniformes da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Seurb). O Tribunal de Contas dos Municípios suspendeu a licitação devido a essas irregularidades.
Além disso, a proximidade entre o prefeito e o empresário é levantada por indícios de viagens em um avião adquirido pela empresa, o que levanta ainda mais questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse. A Norte Ambiental tem, entre seus contratos, um com a Prefeitura de Ananindeua no valor de R$ 48 milhões para manutenção de vias, mas não está registrada como prestadora de serviços para a coleta de lixo no município. Apesar disso, a empresa já estaria realizando a coleta, o que gera incertezas sobre a legalidade e a transparência dos processos administrativos.
A história da Norte Ambiental também chama atenção. Inicialmente, a empresa atuava no comércio de combustíveis e mudou várias vezes de nome e atividades, passando a atuar na construção civil e, finalmente, na gestão de resíduos. Hoje, a empresa está registrada como especializada na coleta de resíduos, mas mantém uma série de outras atividades econômicas que abrangem desde construção civil até serviços de transporte e manutenção de máquinas. A complexidade e os múltiplos ramos de atuação levantam dúvidas sobre a eficiência e a capacidade da empresa para lidar com a responsabilidade de um contrato de tamanha magnitude.