Samuel Costa, fotógrafo natural de Jataí (GO), ficou conhecido por sua abordagem ousada e polêmica no registro do corpo masculino e do universo homoerótico. Sua obra, que combina temas como o nu e a erotização do corpo, se distanciou das fotografias mais tradicionais da época, focadas em vistas urbanas e retratos políticos. Costa, autodidata e com uma formação religiosa evangélica, se mudou para Paris na década de 1970, onde se profissionalizou e passou a explorar o homoerotismo, desafiando os padrões de sua formação inicial. Sua produção inclui também registros de personalidades como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jürgen Habermas, além de documentar movimentos homossexuais e cenas de boates em Paris e Londres.
A coleção de Costa, preservada no Museu da Imagem e do Som de Goiás (MIS-GO), se destaca pela diversidade de temas e pelo caráter pioneiro de suas imagens homoeróticas. Em sua pesquisa, a pesquisadora Keith Valéria Tito destaca a importância de sua obra, que até então foi prejudicada por barreiras sociais e o silenciamento do tema, evidenciando sua relevância no cenário artístico contemporâneo. Em 2010, o acervo foi doado ao MIS, permitindo que suas contribuições fossem preservadas e difundidas para o público, uma vez que sua mãe acreditava que o material não deveria ficar guardado sem ser comunicado a mais pessoas.
Além de sua produção homoerótica, Costa também registrou cenas do Brasil e da Europa, com foco nas décadas de 1970 e 1980. Seu olhar abrangeu desde fotografias publicitárias até registros de eventos culturais e sociais, como o carnaval gay e as manifestações de rua. Seu acervo inclui, ainda, um vasto número de discos e materiais fonográficos, evidenciando seu interesse por música. Costa faleceu em 1987, mas sua obra continua a influenciar o campo da fotografia e das artes visuais, sendo estudada e valorizada, especialmente no contexto da arte queer e da produção visual LGBT+.