Dois brasileiros, Luckas Viana dos Santos e Phelipe de Moura Ferreira, foram vítimas de tráfico humano em Mianmar, após aceitarem promessas falsas de emprego no sudeste asiático em 2024. Os dois foram capturados por uma máfia de golpes cibernéticos, sendo forçados a aplicar fraudes. Através de uma ação da ONG The Exodus Road e apoio de forças locais, conseguiram escapar da prisão e foram resgatados. Durante sua fuga, Phelipe conseguiu enviar uma mensagem ao pai, descrevendo a tentativa de fuga e pedindo orações. Ambos estavam em situação de extrema vulnerabilidade, sendo mantidos reféns por meses, sem acesso a documentos e sob ameaça de violência.
A fuga dos dois brasileiros ocorreu em uma operação coordenada pela ONG, em conjunto com agentes do Exército Democrático Karen Budista (DKBA), no final de semana de 8 a 9 de fevereiro. Com o auxílio de ativistas e familiares, Luckas e Phelipe foram incluídos em uma lista de vítimas que seriam libertadas após um acordo entre as autoridades locais e internacionais. A operação, que envolveu a libertação de 371 vítimas, resultou na transferência dos brasileiros para um centro de detenção na Tailândia, onde serão avaliados e, após procedimentos legais, repatriados ao Brasil.
O Itamaraty e as embaixadas do Brasil em Myanmar e Tailândia também se envolveram na negociação para garantir a liberdade dos brasileiros, mantendo contato contínuo com as famílias. O caso revela a vulnerabilidade de pessoas que aceitam propostas de trabalho em outros países, sem saber que estão sendo alvos de redes criminosas que exploram e escravizam suas vítimas em contextos de golpes cibernéticos. A situação de insegurança em Myanmar, em meio a um conflito civil desde 2021, tem facilitado a instalação de mafias que traficam pessoas para trabalhos forçados e exploração.