Em janeiro de 2025, 88,2% dos reajustes salariais analisados pelo Dieese superaram a inflação medida pelo INPC, índice que reflete o custo de vida dos consumidores. Este resultado é o segundo mais alto dos últimos 12 meses, atrás apenas de maio de 2024. Enquanto 6,7% dos reajustes ficaram em linha com a inflação, 5,1% ficaram abaixo dela. O cenário reflete um quadro mais favorável das negociações salariais em comparação ao último trimestre de 2024, quando os aumentos reais ocorreram em três quartos das negociações. A melhoria econômica, com indicadores positivos de PIB e emprego, tem sido um fator-chave nesse cenário.
A maioria dos reajustes em janeiro ficou entre 2% e 3% acima da inflação, faixa similar ao aumento do salário mínimo, e a maior parte das negociações veio de setores como turismo e hospitalidade, que têm vínculos salariais próximos ao mínimo. Para os economistas, o impacto desses aumentos pode ser duplo: por um lado, há um estímulo ao consumo e à arrecadação, mas por outro, a pressão sobre os custos operacionais das empresas e a possibilidade de elevação dos preços podem afetar o poder de compra no futuro. A continuidade do cenário de juros elevados e restrição econômica até 2026, no entanto, pode enfraquecer o crescimento nos próximos anos.
A expansão dos preços das commodities agrícolas e o aumento do dólar também beneficiaram setores como o agro e a indústria, tornando o ambiente mais favorável às negociações salariais. Apesar disso, a tendência de juros altos e a política econômica restritiva podem afetar a economia brasileira nos próximos anos. Para fevereiro de 2025, o reajuste necessário para repor o poder aquisitivo já apresenta um valor menor do que em janeiro, o que pode facilitar as negociações coletivas. No entanto, o pagamento de reajustes escalonados tem caído, indicando uma diminuição das parcelas no total dos reajustes.