Crescer em uma família de refugiados ensinou a protagonista a ser cautelosa com estranhos. Seus pais, que vivenciaram a experiência de deslocamento, transmitiram-lhe a ideia de que a confiança precisa ser conquistada, dado o risco de se expor em um ambiente desconhecido e muitas vezes hostil. Essa abordagem ajudou a protegê-los ao longo de sua jornada, marcada por uma constante adaptação a novas realidades.
À medida que envelhecia, os receios de seus pais passaram a ser seus também. O texto revela como ela internalizou essas preocupações, desenvolvendo uma tendência a suspeitar de situações cotidianas, como o pedido de informações ou de ajuda financeira. O medo de ser enganada ou prejudicada tornou-se um reflexo imediato em sua interação com o mundo ao seu redor.
No entanto, o relato inclui uma reviravolta quando, em um momento de desespero, um casal a pede para testemunhar seu casamento. Esse pedido, aparentemente simples, faz com que ela questione sua postura habitual de desconfiança, evidenciando o conflito interno entre o desejo de proteger-se e a possibilidade de deixar de lado as barreiras criadas ao longo da vida. A situação a leva a refletir sobre o valor da vulnerabilidade e da confiança, elementos que, por mais desafiadores que sejam, podem abrir portas para novas experiências.